Porque toda história tem um começo

Em uma fria e chuvosa noite de inverno, um jovem e macabro estudante das artes negras está quase conseguindo realizar um dos mais profanos e perturbadores feitiços já criados: a ressurreição. Após passar anos febrilmente pesquisando as literaturas mais macabras em bibliotecas ainda mais macabras, o jovem encontrou um meio de trazer os mortos de volta a vida. Enfurnado em seu sombrio covil, ele está sem dormir ou comer faz cinco dias, doentiamente se preparando para a realização de seu grande sonho.

[Jovem macabro] Mwahahahahahahahahahahaha! É hoje. Finalmente hoje é hoje! Hoje é o dia! Melhor dizendo, hoje é a noite! Mwahahahahahahahahahahaha!

O jovem pega então um jarro repleto de um líquido rubro e se dirige para o centro do sombrio covil onde se encontrava. Sob seus pés, a macabra marca do pentagrama desenhada no chão. Na parte central desse símbolo profano, jazia inerte o corpo de uma jovem de longos cabelos loiros, que outrora fora a paixão, platônica, do jovem macabro. O jovem abaixa-se e começa a derramar o líquido rubro nas marcas no chão, formando assim um sangrento pentagrama.

[Jovem macabro] Mwahahahahahahahahahahaha! Apenas uma vez a cada 42.000 anos ocorre o alinhamento planetário perfeito, que permite que as linhas vitais do universo se cruzem, tornando possível que as regras da vida e da morte possam ser quebradas. Mwahahahahahahahahahahaha!

Já de pés descalços, postado de pé ao lado do corpo da jovem morta, o jovem macabro começa então recitar algumas palavras em uma língua há muito perdida.

[Jovem macabro] GIBIL GASHRU HENSHIN MEGATRON UMUNA YALKI!

Muitas outras horas se passaram enquanto o jovem macabro continuava recitando o seu estranho encantamento. De fato, já eram altas horas quando...

[Jovem macabro] ESPERE AÍ!!! Falando em altas horas, estimado e caríssimo senhor narrador, acabo de lembrar que hoje é sábado e tem o Altas Horas na Globo. Um programa especial sobre a vida da Marjorie Estiano. Não posso perder de jeito nenhum. Obrigado pela lembrança.

E assim, matando completamente o clima da história, o jovem que atende pela alcunha de Leonardo Nunes Nunes deixa para trás todo o seu árduo e tenebroso trabalho para assistir ao programa televisivo, perdendo assim a única oportunidade que teria na vida de reviver seu amor platônico, o que no final das contas foi bom, pois ela tinha BOM GOSTO e não iria ficar com ele, nem mesmo se ele tivesse sucesso ao revivê-la.

Muitos meses se passam desde o incidente com o programa Altas Horas e um novo problema surge na vida de Leonardo Nunes Nunes, que encontra-se em um momento de pura revolta.

[LNN] Encontro-me em um momento de pura revolta revoltante contra aqueles malditos e ignóbeis seres que um dia ousaram ter o atrevimento atrevido de me enganar de maneira enganosa.

Para aqueles que não sabem, Leonardo Nunes Nunes, fã ardoroso e fiel da rede Globo descobriu, para o seu total choque, descobriu que o quadro “Lata Velha” do programa “Caldeirão do Huck” era falso e não cumpria aquilo que prometia.

[LNN] Mas como pode ser isso? Eu vi. Eu vi com os meus próprios olhos que estão em minha face. Ele reformaram o ônibus da dona Abgail. Ele estava caindo aos pedaços. Agora ele tornou-se uma possante máquina automotiva preparada para encarar as maiores adversidades nas estradas desse país chamado Brasil.

Cegado pelo ódio doentio contra Luciano Huck, Leonardo Nunes Nunes começa a preparar sua vingaça (vingativa, como ele diria) e assim se tornar o “Vingador Mascarado dos Órfãos do Lata Velha”.

Continua...